As autoridades de imigração dos Estados Unidos prenderam um professor visitante da Faculdade de Direito de Harvard, Carlos Portugal Gouvêa, cidadão brasileiro, na quarta-feira, após ele se declarar culpado de disparar uma arma de chumbinho perto de uma sinagoga de Massachusetts no dia anterior ao Yom Kippur. A prisão ocorreu em Cambridge, Massachusetts, e teve como impacto imediato a revogação do visto temporário de não imigrante de Gouvêa pelo Departamento de Estado dos EUA. O professor concordou em deixar o país, de acordo com o Departamento de Segurança Interna dos EUA. A Universidade de Harvard, onde Gouvêa lecionou durante o outono nos EUA, não quis se pronunciar sobre o assunto.
A prisão de Gouvêa ocorre em um momento em que o governo Trump pressiona Harvard a chegar a um acordo para resolver uma série de alegações feitas contra a instituição, incluindo a de que Harvard não fez o suficiente para combater o antissemitismo e proteger os estudantes judeus no campus. O governoTrump rotulou o incidente como um “incidente de tiros antissemita”, embora as autoridades locais tenham descrito o caso de forma diferente. A polícia de Brookline, Massachusetts, prendeu Gouvêa em 1º de outubro após responder a uma denúncia de uma pessoa com uma arma perto do Templo Beth Zion na véspera do feriado judaico do Yom Kippur. Gouvêa disse que estava usando a arma de chumbinho para caçar ratos nas proximidades, de acordo com um relatório policial. No mês passado, ele concordou em se declarar culpado por disparar ilegalmente a arma de chumbinho e cumprir seis meses de liberdade condicional pré-julgamento.
O caso de Gouvêa também tem implicações financeiras para a Universidade de Harvard. O governo Trump havia concedido à universidade mais de US$ 2 bilhões em bolsas de pesquisa, mas encerrou ilegalmente esses fundos, levando a universidade a entrar com um processo contra o governo. Em setembro, um juiz decidiu que o governo havia agido ilegalmente ao encerrar os fundos. A prisão de Gouvêa e a pressão do governo Trump sobre a Universidade de Harvard podem ter implicações mais amplas para as relações entre o governo e as instituições de ensino superior nos EUA. Além disso, o caso também pode afetar as relações entre os EUA e o Brasil, especialmente se o governo brasileiro decidir se envolver no caso.
A Universidade de São Paulo, onde Gouvêa é professor associado da Faculdade de Direito, não se pronunciou sobre o assunto. Gouvêa não pôde ser contatado imediatamente para comentar o caso. O Departamento de Segurança Interna dos EUA informou que Gouvêa concordou em deixar o país, mas não forneceu detalhes sobre quando ou como ele será deportado. O caso de Gouvêa é um exemplo de como as autoridades de imigração dos EUA estão lidando com casos de estrangeiros que cometem crimes nos EUA, e como as relações entre os EUA e outros países podem ser afetadas por esses casos. O caso também destaca a importância de as instituições de ensino superior nos EUA se envolverem em discussões sobre antissemitismo e segurança no campus.