O índice Ibovespa renovou o recorde acima dos 164 mil pontos, enquanto o dólar caiu para menos de R$ 5,30, refletindo o otimismo dos investidores com os ativos brasileiros após o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre. O PIB, principal indicador de atividade econômica, registrou um crescimento de 0,1% em relação ao segundo trimestre, abaixo do consenso do mercado, que apontava para uma alta de 0,2%. Esses números reforçam a tese de que há uma desaceleração em curso na economia brasileira, o que pode levar ao ciclo de cortes da Selic, a taxa básica de juros, já no começo do ano que vem. Isso pode ter efeitos significantes para a sociedade e o mercado, incluindo a possibilidade de aumento do crédito e estímulo à economia, já que juros mais baixos tornam o crédito mais acessível e barato.

A desaceleração da economia brasileira é observada principalmente em segmentos com maior peso no PIB, como consumo e serviços. O economista da Suno, Rafael Perez, enxerga uma perda de tração da atividade desde o segundo trimestre como resultado dos efeitos do nível alto da taxa básica de juros. Além disso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fez uma revisão do crescimento do segundo trimestre, de 0,4% para 0,3%, o que reforça a ideia de que a economia está desacelerando. Esses dados e revisões são fundamentais para as expectativas de mercado sobre os próximos passos do Banco Central, especialmente em relação à Selic. A redução da Selic poderia ter implicações práticas significativas, como a redução das taxas de juros para empréstimos e financiamentos, o que poderia estimular a economia.

As expectativas em torno dos cortes da Selic também acompanham o cenário de juros nos EUA. O Federal Reserve (Fed), o banco central americano, se reúne na próxima semana, nos mesmos dias que o Banco Central do Brasil, e a visão majoritária do mercado é de que a taxa básica de juros americana será reduzida em 0,25 ponto percentual. A ferramenta CME FedWatch, que acompanha as apostas de investidores nos rumos da política monetária dos EUA, mostra que 89,2% do mercado enxerga um cote de juros dessa magnitude na semana que vem. Além disso, o relatório da ADP sobre o mercado de empregos privados nos EUA mostrou um saldo líquido negativo, com fechamento de 32 mil postos de trabalho em novembro, o que alimentou ainda mais as expectativas de uma redução dos juros nos EUA e, por consequência, no Brasil.

A redução dos juros nos EUA e no Brasil pode ter impactos significativos na economia global e nacional. Em um cenário de juros mais baixos, tanto os investidores quanto as empresas e consumidores podem se beneficiar de taxas de empréstimo mais acessíveis, o que pode estimular a economia. Além disso, a combinação de uma política monetária expansiva com uma desaceleração da economia pode ser vista como uma estratégia para manter a estabilidade econômica e evitar uma recessão. No entanto, é importante considerar que as decisões sobre a taxa de juros também dependem de outros fatores, como a inflação e o desemprego, e que as expectativas do mercado podem mudar rapidamente em resposta a novos dados e eventos econômicos.